sexta-feira, 14 de junho de 2013

É preciso falar




Então resolvi aceitar o ingresso que ganhei em uma promoção, e que ainda contava com um bônus: o "privilégio" de entrar no camarim do Jota Quest. E quem é que não aceitaria não é mesmo? Tanta gente me chamou de sortuda, afinal quem é que ganha alguma coisa compartilhando uma foto no facebook?! Ainda mais tendo compartilhado meio sem fé, uma só vez e aos quarenta e cinco do segundo tempo?! E pra ser bem sincera, também comecei a acreditar que estava com sorte. Mal sabia o que me aguardava!

Eu não esperava tratamento de realeza, mas também não imaginei que haveria tanto descaso com as pessoas, a começar por uma espera de três horas e meia e a notícia de que, em virtude de um acidente na estrada que, provavelmente, só aconteceu na notícia, só iríamos entrar no camarim após o show. Até aí, apesar de ter ficado esperando, ainda estava tudo bem, afinal, todo mundo sabe que show sem atraso virou exceção. Não estamos falando de nenhum Paul McCartney que, além do show já esperado, deu outro de pontualidade. Mas voltemos ao primeiro show, o do Jota Quest. Show que, por sinal, devo dizer, foi excelente, e não poderia ter sido diferente. A competência da banda é indiscutível. Mas, o pior ainda estava por vir. Diante de uma tremenda falta de organização, o grupo selecionado para conhecer a banda não recebeu nenhuma assistência e, se não fosse o fato de insistir em perguntas, teria saído do local com uma mão na frente e a outra atrás. Não sou tiete de ninguém, mas após esperar horas por uma coisa que me ofereceram, eu não ia sair de mãos abanando, mesmo que a foto não servisse pra nada depois (o que, tirando este texto, é o que de fato vai acontecer). Se não tem como cumprir, é simples: não prometa! Ninguém pediu pra que fizessem uma promoção. Fizeram porque quiseram! 

A falta de respeito ficou ainda maior depois da ação da segurança, responsável por atitudes dignas apenas de uma coisa: polícia (que provavelmente também não iria ao local ou seria conivente com a segurança)! Depois dessa bagunça toda e de, finalmente, conseguir chegar aonde devíamos, descobrimos que só havia autorização para tirar foto com o vocalista, com coisa que só ele vale pela banda toda. A foto com o Marco Túlio (o guitarrista) só saiu porque, por acaso, o encontramos no corredor e, sem hesitação (o que até me surpreendeu), ele fez a pose. Rogério (o vocalista) foi simpático, mas todo o resto da produção totalmente antipático, inclusive os fotógrafos, que esperam que você evapore e dê lugar ao próximo depois que ele dá o único clique. Não sei o que o Jota Quest pensa disso tudo, mas sei que eles sabem que acontece. E isso não é exclusividade. 

Eu até entendo que é realmente complicado controlar a situação quando se tem uma multidão querendo chegar perto, abraçar e tirar foto. Multidão que, inclusive, não conta com a melhor educação do mundo. O fato é que nada disso dá o direito de tratarem as pessoas de qualquer maneira. Se todo aquele evento estava montado, era graças a cada um que pagou para estar ali e acreditou naquele trabalho. Se não existe público, não existe show. E as pessoas precisam começar a perceber isso. Tenho plena convicção de que essas linhas, se é que vão ser lidas, serão esquecidas pela grande maioria no minuto seguinte.Mas, você que chegou até aqui, pare para refletir, nem que seja por dois minutos. Criar uma consciência sobre determinada questão começa nas pequenas coisas. Será que cinco pessoas têm mais valor que todas as outras que estiveram lá para assisti-las? Será que você, que move céus e terras pra trabalhar e estudar todos os dias, e ainda tem que se virar pra pagar as contas no final do mês é menos importante que elas? Será que vale a pena perder sua noite de sono, pra acordar cedo no outro dia ou sacrificar seu dinheiro tão suado para receber isso em troca? As fotos que seguem, só servem para mostrar que certas coisas, definitivamente, não valem a pena.

Chamo a atenção, mais uma vez, para o fato de que não é pessoal. Não é contra o Jota Quest. É contra o desrespeito aos espectadores. E a intenção é questionar até onde o povo vai para idolatrar o outro e se reduzir a nada. Infelizmente, a quem quer se ver livre desse tipo de situação só resta uma alternativa: manter a distância desses locais.

A partir de agora, podem me oferecer oito mil e trezentas entradas para o camarim de quem quer que seja. Dispenso, muito obrigada. Sou mais a paz e a consideração dos meus, que ainda vão se lembrar quem eu sou um dia depois de tirar uma foto comigo. Mas, se você estiver disposto, entre em contato, eu te passo a bola. E te desejo uma excelente sorte. Afinal de contas, acredite: você vai precisar! E ao fim de tudo isso, eu só consigo fazer três perguntas: “Quanto vale o show? Quanto vale o som? Quanto vale então fazer das tripas coração?”.

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