domingo, 23 de setembro de 2012

Para filhos e netos




Tem coisas em que as pessoas só param pra pensar quando acontecem com elas. Até veem, mas fingem que não estão vendo, ou se compadecem por dois minutos e, depois, preferem esquecer, que é pra não sentir aquela ponta de dor ou de arrependimento. Mas, e quem está sendo afetado pela situação?Será que é justo simplesmente ignorar os sentimentos e sofrimentos dos outros e continuar tocando suas vidas, tranquilos e alegres, como se nada tivesse acontecendo?

De uns anos para cá, a expectativa de vida no Brasil tem aumentado. Mais precisamente, vinte e cinco anos em quatro décadas, segundo o IBGE. São milhões de idosos vivendo de diversas formas. Uns vivem bem, ainda com a presença do companheiro ou da família. Outros não têm tanta sorte e, depois de muita luta para dar aos filhos o melhor que puderam, são abandonados em suas casas, ou o que é pior: em asilos, como se tivessem se transformado em estorvo e sido reduzidos a objetos descartáveis, que as pessoas têm a opção de escolher se querem ou não.

Tem também os senhores e senhoras que sempre viveram em boas condições econômicas e, nem por isso, deixam de ser esquecidos. Nem todo o dinheiro do mundo supre a falta de carinho e afeto, e quando a casa se esvazia, com a ausência do cônjuge e a partida dos filhos, a solidão bate à porta e vem se tornar a única companheira.

Tudo bem. Todas as pessoas têm seus compromissos pessoais, tarefas inacabáveis no trabalho e em casa, mas alguém que dedicou toda uma vida e colocou os filhos à frente dos próprios interesses, merece um lugar especial na sua agenda lotada. Aqueles que deram a vida às pessoas que você hoje mais ama, merecem um pouco mais da sua atenção de neto. Eles não pedem muito. Um pouco de carinho e atenção é o suficiente. E não precisa ter o mesmo sangue, um gesto ou uma palavra, vindos de fora, colorem o dia de quem não pode contar com a própria família.

Como deve ser amargo o gosto do arrependimento quando, num futuro não muito distante, se chegar à mesma condição. Será duro sentir na pele o peso dos anos sobre os ombros, sem ninguém para ajudar a carregar. E como será triste perceber, já muito tarde, que se tivessem feito um pouco mais, teriam ensinado a seus filhos o valor primordial que tem a família, e estariam sendo tratados com zelo e amor, assim como fizeram a seus pais.

Quantas vezes os idosos contam, com saudade, dos anos que se foram?Lembrança boa, alegre, que faz reviver por um momento o doce sabor da vida e esquecer a realidade angustiante. Quem ainda é jovem, muitas vezes, não se importa, e esquece que a vida passa tão depressa que nossos olhos mal têm tempo para fechar e abrir novamente. Aquilo que a gente não quer passar, não se faz com os outros. Fazer alguém mais feliz custa menos do que a gente imagina, e faz um bem incomparável ao coração (dos dois).

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